Hospital é acusado de esconder furadeiras domésticas usadas em cirurgias durante fiscalização
Funcionários denunciam que receberam ordens para ocultar equipamentos irregulares antes da inspeção da Vigilância Sanitária
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Funcionários de um hospital no Centro de São Paulo denunciaram que foram orientados a esconder furadeiras domésticas utilizadas em cirurgias ortopédicas antes de uma fiscalização da Vigilância Sanitária. Segundo relatos, a ordem partiu da diretoria e da gerência de enfermagem, que também pediram para ocultar materiais reutilizados de outros pacientes. A prática, proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2008, representa um grave risco à saúde dos pacientes.
Apesar da denúncia, a Vigilância Sanitária declarou, em nota, que não encontrou nenhuma irregularidade durante a inspeção realizada no hospital. A unidade, que tem contrato com o Sistema Único de Saúde (SUS) e recebe um repasse anual de mais de R$ 33 milhões, realiza cerca de 550 cirurgias por mês. No entanto, funcionários afirmam que a administração opta por comprar furadeiras de uso doméstico em vez de equipamentos médicos adequados, sob a justificativa de que são mais baratas e mais fáceis de manter.
Imagens feitas dentro do hospital revelam médicos utilizando as furadeiras com marcas de sangue e fios desencapados. Além disso, há indícios de falhas na higienização, já que um detergente comum, indicado para uso em cozinhas e restaurantes, seria utilizado para a limpeza dos equipamentos cirúrgicos. Ex-funcionários relatam que pediram demissão ao perceber as precárias condições sanitárias da unidade.
Pacientes também relatam consequências graves. Um homem que passou por uma cirurgia no hospital após um acidente de moto em 2020 afirma ter perdido a mobilidade do braço direito e entrou com uma ação na Justiça. Especialistas alertam que a situação pode ser caracterizada como erro médico, uma vez que a utilização de equipamentos inadequados compromete a segurança dos procedimentos cirúrgicos. Autoridades médicas e órgãos de fiscalização informaram que investigam o caso e podem tomar medidas caso as denúncias sejam comprovadas.