Monitoramento revela recorde de 55 animais mortos no Litoral Norte em 24 horas

O Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar) da UFRGS registrou um número alarmante de 55 animais mortos em apenas um dia de monitoramento no trecho entre Dunas Altas, em Palmares do Sul, e Tramandaí, no Litoral Norte. Entre as espécies encontradas, estavam 26 tartarugas marinhas, quatro golfinhos e 25 aves, muitos em diferentes estágios de decomposição. Este índice, descrito como surpreendente, é atribuído à influência do vento maral, que empurra os corpos para a costa.

Segundo o biólogo Maurício Tavares, especialista em Biologia Animal e integrante do Ceclimar, as condições climáticas e o período do ano favorecem o aumento das mortes, especialmente de espécies como tartarugas e toninhas, que enfrentam grande risco devido à pesca intensa. “Os animais morrem no mar por causas naturais ou humanas e, com a ajuda do vento, acabam encalhando na praia”, explicou o especialista, destacando que os dados coletados são cruciais para entender o impacto ambiental na região.

O Ceclimar realiza um monitoramento sistemático desde 2012, cobrindo 130 quilômetros do litoral gaúcho, entre Itapeva, em Torres, e Dunas Altas. Este trabalho é feito em partes alternadas semanalmente, documentando coordenadas geográficas, imagens e condições das carcaças. A coleta de amostras também é realizada em casos de decomposição inicial, contribuindo para estudos aprofundados sobre as causas das mortes e os impactos ambientais.

Apesar da limpeza rotineira feita por prefeituras e guarda-vidas, que frequentemente recolhem animais antes do monitoramento, os números registrados em um único dia superaram o recorde anterior de 28 encalhes. O levantamento reforça a importância de ações voltadas à preservação marinha, dado o impacto direto da atividade humana nas espécies costeiras e a necessidade de mitigar essas perdas.