Programador vira o jogo contra golpista e descobre localização dentro de presídio
Com ameaça pelo WhatsApp, especialista em tecnologia cria armadilha digital e revela origem de golpe de dentro de cadeia no RS

Golpes por mensagens de WhatsApp são rotina no Brasil, mas um episódio recente mostrou que as vítimas nem sempre estão indefesas. Um programador, após receber ameaças que diziam envolver uma facção criminosa, decidiu usar sua habilidade para localizar o golpista. A ameaça veio acompanhada de intimidação: o criminoso afirmava que iria até a casa da vítima, exigindo dinheiro como pagamento de uma suposta dívida.
Em vez de ceder, o programador arquitetou uma resposta criativa. Desenvolveu uma página que rastreia a localização de quem a acessa e enviou o link ao criminoso, fingindo ser um comprovante bancário. Quando o golpista clicou e aceitou o acesso à localização, sua posição exata foi revelada: uma penitenciária na cidade de Osório, no Rio Grande do Sul — a mais de mil quilômetros do local onde mora a vítima, no Rio de Janeiro.
A iniciativa viralizou nas redes sociais e expôs a fragilidade do sistema. Muitas pessoas relataram já ter sido alvo de armadilhas parecidas, o que mostrou o quanto essa prática é comum. Apesar da repercussão, o programador preferiu não levar o caso à polícia. Segundo ele, a ação teve caráter educativo e de alerta à sociedade sobre os perigos dos golpes virtuais.
O código usado para capturar a localização está publicado na plataforma GitHub, mas seu uso é restrito a desenvolvedores, justamente para evitar abusos. Especialistas alertam que, se comercializada, a ferramenta poderia infringir a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), sendo potencialmente explorada de forma maliciosa. No entanto, da forma como foi utilizada, a ação se encaixa como legítima defesa contra crime cibernético.
Informações G1 RS.