O valor da carne bovina teve uma escalada significativa no Rio Grande do Sul nos últimos 12 meses, registrando um aumento de quase 30%. Os dados são do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte da UFRGS, que aponta a carne moída de segunda, filé mignon e alcatra como os cortes com maior variação. O cenário é resultado de diversos fatores, como redução nos abates, exportações em alta e condições climáticas desfavoráveis, além da retomada dos preços após forte queda em 2023.
Especialistas explicam que a demanda aquecida e o aumento no preço do boi estão entre os principais responsáveis pelo encarecimento. O professor Júlio Barcellos destaca que a seca no Sul e o atraso no período das águas no Brasil Central afetaram a produção. Já a analista Rafaela Facchina observa que o preço da arroba do boi gordo teve alta expressiva, refletindo diretamente no valor final da carne. Em Pelotas, por exemplo, o quilo subiu mais de 40%. A valorização da matéria-prima impulsionou os preços no varejo, tornando cortes populares mais caros e reduzindo o acesso da população.
Com os novos valores, consumidores estão revendo seus hábitos alimentares e reduzindo o consumo de carne bovina. Muitos relatam substituições por frango e carne suína, além de cortes menos nobres. Churrascos, antes frequentes, tornaram-se mais esporádicos. A tendência, segundo os especialistas, é de que os preços se mantenham elevados ao longo do próximo trimestre, podendo haver um novo reajuste com a chegada da entressafra no Estado, o que deve adicionar mais 3% a 5% de aumento aos valores atuais.