Seis homens foram condenados pela morte da enfermeira Priscila Ferreira Leonardi, crime ocorrido em Alegrete, na Fronteira Oeste. A sentença foi proferida no domingo, 30 de março, pelo juiz Rafael Echevarria Borba, da Vara Criminal da Comarca local. A vítima, que vivia em Dublin, estava no Brasil para tratar de assuntos familiares quando foi sequestrada e morta por um grupo que planejava extorqui-la.
Os réus foram sentenciados por extorsão majorada com resultado morte, e três deles também por ocultação de cadáver. Emerson da Silveira Leonardi, primo da vítima e apontado como mentor do crime, foi condenado junto com Gilmar Vargas Jaques, Paulo Cezar Guedes, Alex Sandro Ribeiro e Everton Siqueira Mayer a 45 anos de prisão cada um. Outro acusado, colaborador premiado, recebeu pena de 30 anos de reclusão pelo mesmo crime.
Pela ocultação do corpo, Everton, Alex e o colaborador receberam penas adicionais entre 1 ano e 13 dias e 1 ano, 6 meses e 20 dias. Todos cumprirão pena em regime fechado, exceto o colaborador, que poderá recorrer em liberdade.
Crime premeditado por disputa de bens
Conforme a denúncia, Priscila, de 40 anos, retornou ao Brasil para resolver pendências do inventário de seu pai. Emerson acreditava que a prima possuía uma grande quantia em dinheiro e queria se apropriar da casa em que ela estava hospedada. Para isso, acionou integrantes de uma facção criminosa. O plano incluía sequestro, extorsão e posterior divisão dos bens da vítima entre os envolvidos.
Na noite de segunda-feira, 19 de junho, por volta das 23h, Priscila foi sequestrada após ser atraída até a casa de Emerson. Uma falsa corrida de aplicativo foi usada para colocá-la em um carro, onde outros comparsas aguardavam. Levada a um cativeiro, ela foi agredida, estrangulada e morta com asfixia mecânica e traumatismo craniano.
O corpo foi enterrado e somente localizado na quinta-feira, 06 de julho, após o aumento do nível do rio Ibirapuitã.
Julgamento revela detalhes macabros
Durante o julgamento, o juiz destacou que Emerson desejava prejudicar a prima não apenas por ganância, mas por rancor pessoal. A vítima registrava em diário que sofria provocações por parte do primo. Um contrato de confissão de dívida de Emerson para com Priscila também foi encontrado.
O magistrado entendeu que o grupo agiu com premeditação, crueldade e covardia, executando o plano com dissimulação e durante a noite. Houve também agravantes por organização criminosa, promessa de pagamento de recompensa e concurso de agentes.
Réus e suas participações
- Emerson da Silveira Leonardi: primo da vítima e mentor do crime.
- Everton Siqueira Mayer (Gringo): planejou o sequestro, cooptou participantes e ocultou o corpo.
- Gilmar Vargas Jaques (Pônei): ajudou no planejamento e dirigiu o veículo do sequestro.
- Paulo Cezar Guedes (Paulo Fresta): escondeu o veículo utilizado no crime.
- Alex Sandro Ribeiro: vigiou o cativeiro e matou a vítima, além de ajudar a ocultar o corpo.
- Colaborador premiado: envolvido no crime e na ocultação do cadáver.
A identidade do colaborador segue protegida conforme a Lei 12.850/2013, que rege as organizações criminosas.
Apesar do pedido da defesa, o juiz negou a redução máxima da pena e a prisão domiciliar ao colaborador, devido à gravidade do crime e sua repercussão internacional. A decisão ainda cabe recurso.
Informações TJRS.