Adeus à sambista Cristina Buarque, voz marcante e guardiã da memória musical brasileira

Filha de Sérgio Buarque de Holanda e irmã de Chico Buarque, cantora construiu uma trajetória discreta, porém fundamental no samba

A música brasileira perdeu neste domingo uma de suas vozes mais comprometidas com o samba de raiz. Cristina Buarque faleceu aos 74 anos, conforme anunciado por seu filho, Zeca Ferreira, através das redes sociais. A causa da morte não foi revelada. Apesar do afastamento dos holofotes, Cristina era uma figura central nas rodas de samba cariocas, especialmente na Ilha de Paquetá, onde vivia.

Ao longo da vida, Cristina construiu uma sólida carreira como intérprete e pesquisadora de samba. Seu disco de estreia, lançado em 1974, destacou sua sensibilidade musical ao reviver clássicos como “Quantas lágrimas”, de Manacéa. Com 14 álbuns e mais de 60 participações em projetos musicais, ela se tornou uma referência entre os estudiosos e apaixonados pelo gênero. Com seu repertório refinado, Cristina sempre buscou valorizar compositores que estavam à margem do sucesso comercial, como Wilson Batista e Dona Ivone Lara.

Além de sua expressiva discografia, Cristina formou gerações de músicos com sua generosidade e conhecimento acumulado nas rodas de samba, como lembrado por amigos e locais simbólicos do cenário carioca, como o bar Bip Bip. Ela era conhecida por sua postura firme, mas afetuosa, sendo carinhosamente apelidada de “chefia”. Cristina Buarque deixa cinco filhos e um legado imenso na cultura popular brasileira.

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