Vacina contra a gripe pode proteger o coração, apontam estudos

Imunização reduz riscos de infarto, AVC e morte cardiovascular, segundo pesquisas científicas

A maioria das pessoas sabe que a vacina contra o vírus influenza protege contra a gripe, uma doença que pode levar à hospitalização, pneumonia e até óbito. No entanto, os benefícios do imunizante vão além da prevenção da infecção respiratória. Estudos apontam que a vacina também reduz o risco de eventos cardiovasculares graves, como infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e morte cardiovascular.

Segundo especialistas, a gripe pode funcionar como um gatilho para problemas cardíacos, e essa relação não se restringe apenas a quem já tem alguma doença cardiovascular. Há indícios de que a vacinação contra a gripe pode trazer benefícios cardíacos para toda a população, embora mais pesquisas sejam necessárias para consolidar esse efeito nas campanhas públicas de imunização.

Vacina disponível o ano todo para grupos prioritários

No Brasil, a vacina contra a gripe é recomendada para todas as pessoas com mais de 6 meses de idade, sendo aplicada anualmente. Desde janeiro de 2025, o Ministério da Saúde passou a disponibilizar a vacina durante o ano todo para os grupos prioritários, como pacientes com diabetes e obesidade – que são considerados de risco para problemas cardiovasculares.

De acordo com Henrique Fonseca, pesquisador da Academic Research Organization (ARO) do Hospital Israelita Albert Einstein, existe um período crítico após a infecção pelo vírus influenza, que pode aumentar a probabilidade de eventos cardiovasculares. “Se eu reduzir a chance do vírus influenza gerar algum problema durante a infecção, diminuo a chance de um evento cardiovascular”, explica.

Pesquisas indicam impacto positivo na saúde do coração

Uma meta-análise publicada na revista científica European Journal of Heart Failure mostrou que, entre pacientes com alto risco cardiovascular, a vacinação contra a gripe reduziu em 26% o risco de eventos cardiovasculares graves, em 37% o risco de morte cardiovascular e em 28% o risco de morte geral.

Outro estudo, publicado na The Lancet Public Health, analisou mais de 4 milhões de pacientes canadenses e apontou que a vacinação contra a gripe pode reduzir entre 8,5% e 25,8% o risco de AVC, dependendo do subtipo do vírus influenza. Esse estudo analisou um grupo mais amplo de pacientes, nem todos com histórico de doenças cardiovasculares.

Apesar dos resultados promissores, o cardiologista Álvaro Avezum, da Sociedade Brasileira de Cardiologia e coordenador do Centro Internacional de Pesquisa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, destaca que é necessário interpretar os dados com cautela. Segundo ele, os estudos demonstram uma associação entre a vacinação e a redução do risco cardiovascular, mas não provam uma relação de causa e efeito de forma definitiva. Para isso, seria necessário um ensaio clínico randomizado, com grupos de voluntários recebendo ou não a vacina.

Risco cardiovascular aumenta no frio

Dados apontam que mais pessoas morrem de problemas cardíacos no frio do que no calor, embora as mudanças climáticas possam alterar esse cenário no futuro. Durante o inverno, ocorre a vasoconstrição, um estreitamento dos vasos sanguíneos que aumenta a pressão arterial e sobrecarrega o coração. Além disso, o período de baixas temperaturas coincide com o aumento da circulação de vírus respiratórios, incluindo o influenza.

Conforme explica o pesquisador Henrique Fonseca, após a infecção pelo vírus da gripe, há uma janela de risco para problemas cardiovasculares que pode durar de 15 a 20 dias. Por isso, especialistas recomendam que grupos de risco priorizem a imunização contra a gripe.


📌 Fonte: O Sul

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