A cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, de 39 anos, presa desde março de 2023, teve sua carta de arrependimento tornada pública pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O documento foi enviado em outubro do ano passado e revela o apelo emocional da mulher, que pichou com batom a estátua A Justiça, em frente ao STF, durante os atos de 8 de janeiro de 2023. Ela reconhece o erro e diz que sua atitude foi impensada, tomada no calor de um momento de tensão, ao acreditar que participaria apenas de uma manifestação pacífica.
Na carta, Débora relata que nunca teve envolvimento com atos violentos e que não entrou em nenhum dos prédios dos Três Poderes. Ela admite que aceitou terminar a pichação iniciada por outra pessoa, e que, por falta de malícia e discernimento, acabou participando do vandalismo. Segundo ela, o gesto não foi premeditado e jamais teve a intenção de atacar o Estado Democrático de Direito. “Me arrependo amargamente. Foi um ato impensado que me afastou dos meus filhos”, desabafou.
Durante a reclusão, Débora afirma que perdeu momentos importantes com os filhos, como o período de alfabetização do mais novo e os anos letivos das crianças. Emocionada, ela conta que os meninos sentem sua falta diariamente e sofrem com a ausência da mãe. O relato comoveu parte da opinião pública por mostrar o lado humano da acusada, que enfrenta uma possível pena de até 14 anos, conforme votos já registrados no STF. A decisão final, no entanto, ainda está pendente após pedido de vista do ministro Luiz Fux.
No encerramento da mensagem, Débora diz que quer apenas voltar à sua vida simples, longe do ambiente político e das tensões que o cercam. Ela enfatiza que seu conhecimento sobre política é praticamente nulo e que desconhecia a importância simbólica e material da estátua pichada. “Peço perdão por minha atitude e desejo apenas reencontrar minha paz junto à minha família”, conclui a carta.