Incêndio em boate na Macedônia do Norte relembra tragédia da Kiss e expõe falhas na segurança
Chamas causadas por show pirotécnico mataram dezenas de jovens e reacendem debate sobre fiscalização em casas noturnas

O incêndio na boate Pulse, na cidade de Kocani, Macedônia do Norte, ocorrido na madrugada de domingo (16), resultou em 59 mortes e trouxe à memória um dos maiores desastres da história do Brasil: a tragédia da Boate Kiss, em Santa Maria (RS), que deixou 242 mortos e mais de 600 feridos em 2013. Em ambos os casos, o fogo começou após efeitos pirotécnicos usados pela banda que se apresentava no palco, atingindo materiais inflamáveis e causando combustão tóxica.
As duas tragédias possuem semelhanças marcantes. Na Kiss, o interior era revestido com espuma inflamável, que ao queimar, liberou gases tóxicos que impediram a fuga dos jovens. Na Pulse, o teto da boate era composto de material inflamável, o que facilitou a rápida propagação das chamas. Além disso, nos dois episódios, a maioria das vítimas eram jovens, com idades entre 14 e 24 anos na Macedônia e, no Brasil, em sua maioria universitários na casa dos 20 anos. Após a tragédia europeia, quatro pessoas foram presas, mas suas identidades ainda não foram reveladas pelas autoridades.
O caso da Boate Kiss gerou impacto no Brasil e motivou a criação da “Lei Kiss”, sancionada ainda em 2013, que estabeleceu normas mais rigorosas de prevenção e combate a incêndios em imóveis não residenciais. A nova legislação determinou regras mais específicas sobre materiais de acabamento, controle de fumaça e compartimentação de espaços, exigindo alvará dos bombeiros para funcionamento. No entanto, ao longo dos anos, a fiscalização foi flexibilizada, e os prazos de renovação de inspeções foram estendidos, o que preocupa especialistas em segurança.