Os Estados Unidos monitoraram as relações do ex-governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, com China e Cuba durante a Guerra Fria. A informação veio à tona após a divulgação de documentos secretos pelo governo de Donald Trump, na terça-feira (18). Os arquivos, antes classificados como sigilosos, fazem parte da investigação sobre o assassinato do presidente John F. Kennedy, ocorrido em 1963.
Entre os documentos, que incluem relatórios da Agência Central de Inteligência (CIA) e de outros órgãos americanos, há um telegrama de 1961 que revela uma oferta de apoio material ao então governador gaúcho. Segundo o registro, o líder chinês Mao Tsé-Tung e o primeiro-ministro cubano Fidel Castro ofereceram “voluntários” e recursos a Brizola durante a campanha da Legalidade, que defendia a posse do vice-presidente João Goulart após a renúncia de Jânio Quadros.
O documento destaca que Brizola recusou a oferta, apesar de ter apreciado o apoio moral, por temer uma crise internacional que pudesse levar à intervenção dos Estados Unidos no Brasil. O texto também menciona que o ex-governador “obviamente tinha medo” das consequências que essa ajuda externa poderia causar.
Embora os arquivos relacionem Brizola à vigilância dos EUA na América Latina, não há qualquer evidência de que ele tenha tido envolvimento direto com os eventos que culminaram no assassinato de Kennedy. O então presidente americano foi morto em 22 de novembro de 1963, em Dallas, no Texas. A versão oficial da investigação atribuiu o crime a Lee Harvey Oswald, mas diversas falhas no caso alimentaram teorias da conspiração, especialmente ligadas à Guerra Fria, União Soviética e Cuba.
Os documentos agora disponíveis ao público reforçam o contexto de tensão política da época e mostram como os Estados Unidos acompanhavam de perto os movimentos de líderes latino-americanos considerados estratégicos.