A Polícia Civil do Rio Grande do Sul divulgou trechos das anotações deixadas por Daise Moura dos Anjos, 42 anos, antes de sua morte na prisão. O material foi apresentado junto à conclusão da investigação, que confirmou que Daise foi a responsável pelo envenenamento e morte de quatro pessoas com arsênio.
Nos escritos, Daise expressa seu rancor contra a sogra, Zeli dos Anjos, apontada como seu principal alvo. “Muito obrigado por esses 20 anos que fez da minha vida de casado um inferno”, escreveu. Em outro trecho, ela reforça o sentimento de injustiça: “Mais uma vez eu sou a vilã e você é a mocinha. Conseguiu ficar com tudo que é meu, minha família, minha casa”.
Apesar do ódio direcionado à sogra, a autora também mencionou ter carinho por outras pessoas da família, incluindo o sogro, Augusto dos Anjos. No entanto, segundo as investigações, um desentendimento ocorrido há 20 anos teria sido o estopim para os crimes.
Como aconteceu o envenenamento
De acordo com a Polícia Civil, o plano de Daise era eliminar sua sogra. Para isso, ela contaminou a farinha da casa da vítima com arsênio, sem que ninguém percebesse. O ingrediente foi utilizado na preparação de um bolo que acabou intoxicando outras pessoas.
O consumo do alimento envenenado levou à morte das irmãs Neuza Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva, além da filha de Neuza, Tatiana Denize Silva dos Anjos. O caso ocorreu em dezembro de 2023, na cidade de Torres, no litoral do Rio Grande do Sul.
Além dessas vítimas, a investigação revelou que Augusto dos Anjos, sogro de Daise, também foi envenenado três meses antes do caso do bolo contaminado. Ele teria ingerido leite em pó contaminado pela nora, mas a conexão entre os casos só foi descoberta posteriormente.
Sobreviventes e desfecho da investigação
Apesar da tragédia, duas pessoas sobreviveram ao envenenamento: Zeli dos Anjos, que recebeu alta hospitalar em janeiro deste ano, e uma criança de 10 anos, que também consumiu o bolo.
O delegado Fernando Sodré, chefe da Polícia Civil, reforçou a conclusão do inquérito durante uma coletiva de imprensa.
“Ela é a única autora dos crimes. Até o momento, não surgiu nenhum outro envolvido. E, por isso, em razão do seu falecimento, o fato de ela ter tirado a própria vida no presídio de Guaíba levou à extinção da punibilidade”, explicou.
A morte de Daise Moura dos Anjos na prisão encerra a investigação, sem que outras pessoas sejam responsabilizadas pelo crime.