O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) decidiu nesta terça-feira (18) manter o percentual de biodiesel misturado ao óleo diesel em 14% (B14). A medida, que visa conter a alta dos preços dos alimentos, impede o aumento da mistura para 15%, previsto para 1º de março.
Embora a maior parte do biodiesel no Brasil tenha origem na soja, um produto majoritariamente exportado, a decisão tem impacto direto na economia. O encarecimento do diesel, principal combustível do transporte de cargas, afetaria os custos logísticos e, consequentemente, os preços dos alimentos. Atualmente, o diesel representa 35% do valor do frete.
“O preço dos alimentos é a grande prioridade do nosso governo. Mantemos a mistura em B14 até que tenhamos resultados concretos na redução do custo dos alimentos para a população”, afirmou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em nota.
Impacto no preço do diesel
O biodiesel é menos poluente e renovável, mas tem um custo maior que o diesel fóssil. Aumentar o teor da mistura eleva o preço final do combustível nas bombas. Caso a decisão fosse mantida, o diesel sofreria o segundo aumento em um mês.
No fim de janeiro, a Petrobras reajustou o preço do diesel para as distribuidoras, aumentando R$ 0,22 por litro para reduzir a defasagem em relação ao mercado internacional. Além disso, o biodiesel tem apresentado alta nas últimas semanas, o que influenciaria ainda mais no custo do combustível.
Regulamentação e políticas ambientais
A Lei Combustível do Futuro, sancionada em outubro de 2024, estabelece que a parcela de biodiesel na mistura pode variar de 13% a 25%. Desde 2008, o uso do biodiesel é obrigatório no Brasil, como parte das políticas ambientais para reduzir as emissões do setor de transporte de cargas.
Apesar dos benefícios ambientais, a decisão do governo prioriza, no momento, a contenção da inflação e a estabilidade dos preços dos alimentos, optando por manter o percentual de biodiesel em 14% até que haja melhores condições no mercado.