Fim de uma era: fogo de chão de São Sepé é apagado após mais de 200 anos

A chama que iluminou gerações na Fazenda Boqueirão, em São Sepé, no Rio Grande do Sul, foi extinta no último dia 8 de janeiro de 2025, após mais de dois séculos de história. A decisão partiu dos proprietários, que enfrentaram dificuldades para manter a tradição sem causar impacto ambiental. A família Simões Pires, responsável por alimentar o fogo desde o século XIX, optou por encerrar o ciclo, respeitando o compromisso com a preservação da natureza.

O Fogo de Chão, símbolo da cultura gaúcha, teve um papel fundamental na tradição local. Da Fazenda Boqueirão, a Chama Crioula era distribuída para as Entidades Tradicionalistas do estado durante a Semana Farroupilha, mantendo viva a identidade do povo gaúcho. O local também foi palco de um encontro histórico, quando a Tocha Olímpica dos Jogos Rio-2016 passou pela fazenda, conectando duas grandes tradições.

A história desse fogo remonta ao início dos anos 1800, quando o galpão foi construído e o fogo foi aceso pela primeira vez. Desde então, a chama simbolizava calor, hospitalidade e coragem, além de marcar momentos importantes como reuniões, cuidados com o gado e a tradição do chimarrão. Por mais de 200 anos, ele permaneceu aceso, atravessando gerações da família e da comunidade.

Mesmo com o fim da chama, os proprietários garantem que a memória do Fogo de Chão será preservada. Segundo Gilda Maria Faria Pires, a estrutura do galpão permanecerá inalterada, e o local continuará a receber visitantes interessados na tradição. “Foi uma decisão difícil, mas necessária. O mais importante é que a história continuará viva”, afirmou.

Informações Jornal do Garcia On-line, foto arquivo pessoal.

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