O crime organizado no Brasil encontrou uma fonte de receita ainda mais lucrativa do que o tráfico de cocaína: a comercialização ilegal de combustíveis. De acordo com um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o setor movimenta R$ 61,5 bilhões por ano, representando 41,8% do faturamento das facções criminosas. Esse valor supera amplamente os R$ 15 bilhões gerados pelo comércio de drogas ilícitas.
Além dos combustíveis, outras atividades como o contrabando de bebidas e cigarros, além da extração ilegal de ouro, fazem parte desse esquema bilionário. Apenas o mercado clandestino de tabaco responde por 40% do consumo nacional, acumulando perdas fiscais de R$ 94 bilhões nos últimos 11 anos. Já o setor de bebidas falsificadas ou contrabandeadas gerou R$ 72 bilhões em perdas tributárias somente em 2022.
O estudo também revela que a economia criminosa ligada aos combustíveis opera por meio de diversas fraudes, como adulteração com solventes, roubo de cargas e dutos, venda sem nota fiscal, fraudes interestaduais e postos de fachada. O FBSP destaca que a fiscalização falha do Estado facilita essas práticas, pois não há um sistema nacional integrado de rastreamento do setor. Com isso, criminosos exploram brechas para expandir suas atividades e multiplicar seus lucros.
Diante desse cenário, especialistas alertam que a escolha pelo contrabando e adulteração de produtos, em vez do tráfico de drogas, se deve ao fato de que esses crimes têm penalizações mais brandas. Enquanto o tráfico de drogas é fortemente combatido, as fraudes no comércio de combustíveis e bebidas oferecem altos retornos financeiros com riscos menores de punição. O estudo reforça a necessidade de uma resposta mais eficiente do Estado e do setor produtivo para combater essa crescente ameaça econômica e social.