Nicolás Maduro assumiu, nesta sexta-feira (10), seu terceiro mandato como presidente da Venezuela, marcando o início de um período que deve durar até 2031. Durante a cerimônia de posse, realizada em Caracas, ele anunciou a intenção de implementar uma ampla reforma constitucional, com foco na criação de um “Estado comunal”. A proposta, inspirada no modelo idealizado pelo ex-presidente Hugo Chávez, busca redefinir o futuro político e social do país, de acordo com o governo. A medida, no entanto, enfrenta ceticismo interno e condenação de governos internacionais que questionam a legitimidade do processo eleitoral.
A cerimônia foi acompanhada por cerca de 2 mil convidados internacionais, incluindo representantes de movimentos sociais e culturais. Paralelamente, manifestações da oposição ganharam força em várias cidades do país. Os protestos, liderados pela ex-deputada María Corina Machado, reivindicam a posse de Edmundo González, que alega ter vencido as eleições presidenciais de julho de 2024. González, atualmente exilado, intensificou seus esforços para angariar apoio internacional, enquanto o governo Maduro acusa a oposição de conspiração e promete ações duras contra seus líderes.
A eleição de 2024 permanece envolta em controvérsias, com acusações de fraude por parte de governos estrangeiros e grupos oposicionistas. Países como Estados Unidos, Canadá e membros da União Europeia condenaram o processo, enquanto nações mais próximas à Venezuela, como Colômbia e Brasil, reconheceram o resultado de forma cautelosa, embora apontando para a falta de transparência na divulgação dos dados eleitorais. A Assembleia Nacional, controlada por aliados do governo, será a responsável por debater as mudanças constitucionais, que deverão ser submetidas a referendo ainda este ano.
A repressão aos opositores se intensificou nos dias que antecederam a posse. O governo anunciou a prisão do ex-candidato Enrique Márquez, acusado de planejar um golpe de Estado, enquanto acusações similares foram direcionadas a María Corina Machado. A oposição nega qualquer envolvimento em ações ilegais e denuncia perseguição política. Apesar das tensões, Maduro mantém sua posição de avançar com seu projeto político, prometendo que a reforma consolidará “a soberania popular” e trará estabilidade ao país.