Quase 12 anos após a primeira fase e mais de sete anos depois da 12ª etapa, o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) deflagrou a Operação Leite Compen$ado 13. Nesta quarta-feira, 11 de dezembro, o foco foi o químico industrial conhecido como “o alquimista” ou “o mago do leite”, preso novamente por sua participação em fraudes na produção de derivados lácteos em Taquara, no Vale do Paranhana.
A investigação apontou a utilização de soda cáustica e água oxigenada nos produtos, além da presença de “pelos indefinidos” e sujeira em embalagens. Segundo o promotor de Justiça Mauro Rockenbach, o suspeito aprimorou os métodos de adulteração, tornando os ajustes quase indetectáveis. Ele estava proibido de atuar em laticínios, mas foi flagrado assessorando a produção em uma fábrica.
A operação, que mobilizou 110 agentes, resultou em quatro mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão em Taquara, Parobé, Três Coroas, Imbé e São Paulo. Entre os presos estão o químico, o sócio-proprietário da indústria e dois gerentes. A ofensiva teve o apoio de órgãos como o Ministério da Agricultura e Pecuária, Receita Estadual, FEPAM e DECON.
Adulteração com alto risco à saúde
De acordo com o promotor Alcindo Luz Bastos da Silva Filho, a soda cáustica é usada para ajustar o pH do leite, mascarando a acidez. Já a água oxigenada é aplicada para eliminar micro-organismos e recuperar produtos deteriorados. “Além disso, há a reutilização de produtos vencidos, aumentando ainda mais os riscos à saúde”, destaca o promotor.
Distribuição em larga escala
Os produtos adulterados eram distribuídos não só no Rio Grande do Sul, mas em todo o Brasil e até para a Venezuela. Apesar das irregularidades detectadas, as marcas não foram divulgadas pela Justiça. Os promotores informaram que análises mais detalhadas estão em andamento para identificar os lotes contaminados.
Histórico da Operação Leite Compen$ado
- Operação Leite Compen$ado 1 (Maio de 2013): Oito prisões realizadas em Ibirubá, Horizontina, Selbach, Tapera e Guaporé. Adulteração identificada com transportadores.
- Operação Leite Compen$ado 2 (Maio de 2013): Prisões em Rondinha e Horizontina, além da descoberta de fórmula de adulteração.
- Operação Leite Compen$ado 3 (Novembro de 2013): Primeira identificação de água oxigenada no leite em Três de Maio.
- Operação Leite Compen$ado 4 (Março de 2014): Mais de meia tonelada de soda cáustica apreendida em Condor. Mandados em outras cidades gaúchas.
- Operação Leite Compen$ado 5 (Maio de 2014): Foco em Imigrante e Paverama. O “alquimista” foi preso pela primeira vez.
- Operação Leite Compen$ado 6 (Junho de 2014): Ramificação no Paraná. Prisões em Londrina, Pato Branco e várias cidades gaúchas.
- Operação Leite Compen$ado 7 (Dezembro de 2014): Interdição de posto em Jacutinga e descobertas de adição de sal e água no leite.
- Operação Leite Compen$ado 8 (Maio de 2015): Adulteração com ureia, álcool e soda cáustica no Norte do Estado.
- Operação Leite Compen$ado 9 (Setembro de 2015): Venda de leite azedo como saudável. Prisões em Esmeralda e Água Santa.
- Operação Leite Compen$ado 10 (Outubro de 2015): Prisões de donos de laticínios. Ação conjunta com a Operação Queijo Compen$ado 2.
- Operação Leite Compen$ado 11 (Julho de 2016): Presença de coliformes fecais, água oxigenada e amido detectados no leite.
- Operação Leite Compen$ado 12 (Março de 2017): Prisões e irregularidades em laticínios do Rio Grande do Sul.
A fase atual reforça a necessidade de maior controle e fiscalização sobre a cadeia produtiva de laticínios, protegendo a saúde pública e combatendo práticas criminosas.