Mais de 41% dos resíduos urbanos no Brasil tiveram destinação inadequada em 2023

Lixões ainda recebem 35% dos resíduos sólidos urbanos, evidenciando desafios no cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos

Apenas 58,5% dos resíduos sólidos urbanos gerados em 2023 no Brasil foram encaminhados para destinação ambientalmente adequada. Os dados são do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2024, divulgado nesta segunda-feira (9) pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema). O relatório aponta que 41,5% dos resíduos tiveram destinação inadequada, como lixões, que receberam 35,5% do total gerado.

O documento alerta para o descumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei 12.30 em 2018, que previa o encerramento definitivo dos lixões até 2024. Segundo o relatório, o gerenciamento de resíduos no país ainda está longe de atender às diretrizes estabelecidas.

“Além de apresentar riscos ao meio ambiente equilibrado e à saúde pública, esse cenário revela que o gerenciamento de resíduos no Brasil ainda está distante de atender as diretrizes determinadas pela PNRS”, destaca o estudo. Apesar disso, houve um leve avanço em relação a 2022, quando a destinação adequada era de 57%.

Geração de resíduos

Em 2023, cada brasileiro gerou, em média, 1,047 quilos de resíduos sólidos urbanos por dia, totalizando mais de 81 milhões de toneladas no ano. A Região Sudeste foi responsável por quase 40 milhões de toneladas, representando 49,3% do total. A Região Norte gerou apenas 7,5% do total, seguida pelo Centro-Oeste (7,7%), Sul (10,8%) e Nordeste (24,7%).

No total, foram coletadas 75,6 milhões de toneladas, correspondendo a 93,4% dos resíduos gerados. Desses, 87,8% foram recolhidos por serviços públicos e 5,6% por catadores autônomos. Cerca de 6,6% não foram coletados, sendo que 5,7% foram queimados a céu aberto.

Reciclagem e reaproveitamento

Apenas 8% dos resíduos secos receberam destinação ambientalmente adequada para reciclagem, com mais de 6,7 milhões de toneladas reinseridas na cadeia produtiva. Grande parte dessa atividade foi realizada por coletores informais (67,2%).

Na compostagem, apenas 0,4% dos resíduos foram encaminhados, resultando na produção de 85,5 mil toneladas de composto orgânico. Já as unidades de preparo de combustível derivado de resíduos urbanos processaram menos de 0,2% do total, gerando 47,6 mil toneladas para produção de energia térmica.

Despesas e geração de emprego

Em 2023, os municípios brasileiros gastaram R$ 34,7 bilhões com gerenciamento de resíduos sólidos urbanos. Com a inclusão de despesas privadas, o montante chegou a R$ 37 bilhões, um aumento de 9,4% em relação a 2022.

O setor empregou 386 mil pessoas, sendo 93% em atividades operacionais, como varrição, capina e processamento, e 7% em cargos administrativos.

“A análise objetiva desses dados indica quais soluções terão maior impacto no gerenciamento de resíduos e quais devem ser priorizadas. Essa análise também permite estimar os custos e investimentos necessários para que as soluções escolhidas.

Informações Agência Brasil.

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